Em um apelo para que as autoridades façam mais para acelerar a transferência de pessoas vulneráveis ao continente, Lucio Melandri, coordenador de país do UNICEF na Grécia, afirmou que o número de crianças vulneráveis que chegam às ilhas gregas em 2018 subiu em um terço na comparação com o ano passado.
Aproximadamente 80% dos 20,5 mil migrantes e refugiados atualmente nas ilhas gregas estão sendo abrigados em centros “insalubres e cheios demais”, disse Melandri.
De acordo com a Agência da ONU para Refugiados (ACNUR), a maioria das chegadas às ilhas gregas até agora este ano vem de Síria (32%), Iraque (20%) e Afeganistão (19%).
Mais de 5 mil pessoas nas unidades são crianças, e o oficial do UNICEF enfatizou preocupações particulares sobre as unidades de recepção de Moria, em Lesbos, e de Vathi, em Samos, as quais ele visitou na semana passada.
“Mais crianças e famílias chegam a cada dia”, disse. “Os diretores dos centros, tanto em Moria como em Vathi, repetidamente manifestaram a nós suas preocupações devido ao tratamento que as crianças recebem diariamente. Os funcionários estão sobrecarregados, assim como os serviços”.
Falando a jornalistas em Genebra, Melandri insistiu que as autoridades gregas e a população “já fizeram tudo o que podiam” para ajudar as pessoas vulneráveis que chegam à ilha, mas que não conseguem mais lidar com isso.
Outros Estados-membros da União Europeia poderiam ajudar ao estabelecer mais unidades para crianças e acelerar os procedimentos de reunificação familiar, acrescentou o oficial da ONU.
“Com a capacidade de abrigar 3,1 mil pessoas, o centro em Moria abriga atualmente aproximadamente 9 mil pessoas, incluindo mais de 1,7 mil crianças”, disse. “O centro em Samos que foi construído para 650 pessoas, agora tem 680, com um total de mais de 4 mil pessoas”.
Sob a lei grega, refugiados e migrantes precisam ficar até 25 dias em centros de recepção e identificação, mas “apesar da tremenda boa-vontade e comprometimento”, o UNICEF disse que algumas crianças chegam a ficar mais de um ano nesses locais.
“As condições nesses campos são terríveis para qualquer criança, e qualquer campo de refugiado do mundo é uma situação horrível para uma criança”, disse Melandri, acrescentando que a maior parte delas passou por traumas de guerra.
“As crianças são expostas a todo tipo de ameaça: ameaças diretas; abusos; violência; revoltas”, disse. “Estão expostas a ameaças indiretas ao não ter a oportunidade de acessar serviços básicos vitais: acesso à nutrição apropriada, acesso a condições de higiene apropriadas, a oportunidades de educação. Então, é realmente a pior situação na qual uma criança pode se encontrar”.
Em resposta a uma pergunta sobre crianças supostamente tentando suicídio no centro de Moria, Melandri respondeu que não poderia comentar casos específicos, mas que muitas crianças estavam sob estresse emocional severo.
“Posso garantir a vocês que casos de auto-mutilação, ou de violência contra crianças, estão infelizmente se tornando uma possibilidade, devido às condições que essas crianças estão enfrentando”, disse.
fonte http://nacoesunidas.org/criancas-enfrentam-situacao-terrivel-em-centro-de-recepcao-de-refugiados-na-grecia-alerta-unicef/?utm_source=feedburner&utm_medium=feed&utm_campaign=Feed%3A+ONUBr+%28ONU+Brasil%29
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