Veja nossa entrevista com o pastor Carlos Alberto Bezerra, presidente e fundador da Comunidade da Graça, preletor confirmado do Encontro Sepal 2019
Encontro Sepal está chegando! Para que você, leitor, se prepare para o evento, entrevistamos o pastor Carlos Alberto Bezerra, fundador e presidente da Comunidade da Graça.
Formado em Direito, Filosofia, Ciências Contábeis e Teologia, pastor Carlos é membro da Academia Paulista Evangélica de Letras e uma referência entre a liderança cristã brasileira. Dentre suas atividades, dedica-se ao aconselhamento e ao discipulado de pastores em diversos países. No Encontro Sepal 2019, ele dará uma palestra intitulada “Membros do corpo ou do clube” e integrará o time de preletores do “Painel Liderança”, que neste ano abordará o tema “Clientes da Igreja”.
No bate-papo, Bezerra esclarece o que seria o estilo “cliente” de participar da comunidade de fé, fala sobre as consequências dessa postura, explica qual é o limite entre entretenimento e engajamento na igreja e compartilha informações preciosas para quem deseja vivenciar um cristianismo autêntico e produtivo. Confira já este conteúdo exclusivo e venha estar com a gente!

Sepal: O que seria o estilo “cliente” de frequentar a igreja?

Carlos Alberto Bezerra: Um público consumidor cada vez mais interessado em novidades ou soluções rápidas para seus problemas e conflitos.

Quais são as principais consequências dessa forma de se relacionar com a comunidade de fé?

Uma igreja assim mais se parece com um clube social do que com o corpo de Cristo.

É possível que essa postura seja incentivada pelas lideranças, mesmo que inconscientemente? Se sim, como acontece? E como combater esse mal?

Sim. Quando os apelos das igrejas através da mídia visam atrair seguidores a partir de seus interesses e conveniências pessoais, quando a meta das igrejas chamadas modernas é agradar seu público, elas estão promovendo esse tipo de comportamento consumista. Não encontramos esse perfil de membros da igreja na Bíblia. As Escrituras falam em DISCÍPULOS DE JESUS, e não membros da Igreja. É preciso resgatar isso.

O que seria uma postura saudável em relação à igreja?

A Igreja que está no coração de Deus é aquela formada por todos os crentes, os discípulos de Jesus, os integrantes de uma grande família, que vivem na dependência uns dos outros, unindo, sustentando, nutrindo e orientando de acordo com a influência direta da cabeça do corpo que é Cristo. Essa é a Igreja que Jesus veio estabelecer na Terra. Essa é a Igreja que queremos.

É possível fazer parte da igreja sem fazer parte de nenhum ministério?

Nem todo cristão é chamado a exercer um ministério vocacional em tempo integral, mas todos são chamados a realizar a sua função. “Antes, seguindo a verdade em amor, cresçamos em tudo naquele que é a cabeça, Cristo. Dele todo o corpo, ajustado e unido pelo auxílio de todas as juntas, cresce e edifica-se a si mesmo em amor, na medida em que cada parte realiza a sua função.” (Efésios 4.15-16, NVI). A igreja é uma comunidade de serviço. Não é possível fazer parte da igreja apenas como espectador. No corpo de Cristo, cada pessoa serve de acordo com o dom que recebeu da parte de Deus.

O que diria às pessoas que gostariam de se engajar, mas não podem, seja pela falta de tempo ou por algo que as impedem de participar mais ativamente de algum projeto da comunidade?

É preciso descobrir a nossa paixão, aquilo que nos impele a fazer diferença no lugar onde estamos inseridos. Paixão é motivação espiritual e emocional. É um elevado grau de disposição ou vontade de realizar uma meta, um sonho ou um projeto. Para isso é preciso analisar sua jornada diária, repensar suas atitudes, reorganizar tarefas e estabelecer prioridades de acordo com as Escrituras. Sem esquecermos que vida ministerial não é apenas servir à igreja, mas viver de maneira integral onde quer que estejamos, expressando no dia a dia aquilo que cremos e somos.

Muitas pessoas preferem não se firmar em uma comunidade, frequentando diversas igrejas de sua preferência. Isso é bom ou é ruim? O que diria a elas?

Esse comportamento atual de não criar vínculos ou raízes em um lugar é fruto da cosmovisão pós-moderna que tem ditado as regras na vida das pessoas. A Internet, que bem utilizada é uma bênção, também contribui para essa dispersão. Por fim, muitos que circulam pelas igrejas, sem permanecer em nenhuma delas, acabam engrossando a fila dos desigrejados. Isso é ruim porque, segundo a Palavra de Deus, o crescimento e a maturidade do cristão são alcançados em comunidade. E isso fala de compromisso, identidade e pertencimento.

Qual é o limite entre entretenimento e engajamento na igreja? Como evitar que as programações e atividades na comunidade acabem sobrepujando a espiritualidade e tornando a igreja um clube social?

O púlpito deve determinar o ritmo do que está acontecendo na igreja local. A pregação deve consistir em conteúdo eminentemente bíblico. Não é um espetáculo de emoções, mas a proclamação de todo o conselho de Deus e de seu eterno propósito. O Evangelho deve ser anunciado de maneira a produzir cristãos regenerados, nascidos de novo pelo poder do Espírito Santo. Além disso, a vida em comunidade deve promover um discipulado bíblico que leve cada cristão a cultivar uma vida de oração, adoração e ação em favor do próximo.

No Encontro Sepal 2019, o senhor participará do Painel Liderança e, entre outros tópicos, falará sobre o tema “Clientes da Igreja”. Por que é importante que líderes e pastores reflitam sobre o assunto?

Porque é preciso conhecer o nosso tempo e como ele afeta positiva e negativamente a igreja. Porque é preciso saber como agir a fim de manter a igreja nos propósitos de Deus conforme na sua Palavra. Porque é preciso tomar decisões preventivas para não nos conformarmos à mentalidade desse mundo, e sim vivermos de acordo com a boa, agradável e perfeita vontade de Deus.

Qual é a sua expectativa para o evento?

Minha oração é para que sejamos despertados para os perigos do presente século e nos firmemos no compromisso de edificar a igreja de Cristo – família de Deus – sem nos desviarmos dos princípios e valores das Escrituras sagradas.

Uma mensagem aos leitores.

O melhor que podemos fazer, juntos, ao final desta leitura é tomar uma decisão: Que tipo de cristãos queremos ser? Membros de um corpo ou de um clube? Que Deus nos ajude a decidir conforme sua vontade.