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segunda-feira, 29 de abril de 2019

O ministério do capelão hospitalar e sua relevância no contexto de quem sofre




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Neste exato momento, enquanto inicia a leitura desta entrevista, há diversas pessoas dando entrada nos hospitais de nosso país, muitas delas em situações desoladoras. Vítimas de acidentes, de doenças severas e de males de todo tipo lotam os leitos das instituições de saúde e se veem imersas em uma realidade difícil, às vezes em um longo processo de internação e convalescência. Pelos corredores e nas salas de espera, pais, mães, filhos e familiares dividem angústias e lágrimas, enquanto aguardam a recuperação de um ente querido.
É em meio a esse contexto delicado que atua uma figura importante, cuja missão é levar uma palavra de esperança e conforto a quem sofre: o capelão hospitalar. Tendo como foco oferecer apoio social, emocional e espiritual aos enfermos e aos seus familiares, esses profissionais ajudam um incontável número de pessoas a reencontrar o equilíbrio emocional, a restaurar a autoestima e a ter resiliência frente ao trauma, ao medo e às incertezas da própria experiência humana. Um trabalho fundamental que está chamando a atenção, inclusive, de órgãos ligados à saúde e da própria academia. A atividade de tal profissional precisa estar na pauta da igreja brasileira, e é por isso que conversamos com Érika Checan, preletora convidada do Encontro Sepal 2019.
Érika é bacharel em Música Sacra pela FTBSP e em Musicoterapia pela UNESPAR. Capelã titular do Hospital do Rocio, localizado no Campo Largo, região metropolitana de Curitiba, tem uma longa caminhada ministerial. Desde 2007, ela faz parte da equipe pastoral da PIB Curitiba, onde, antes da capelania, implantou e coordenou os ministérios de idosos e de mulheres, a convite do pastor Paschoal Piragine Jr. Em São Paulo, foi ministra de adoração da Igreja Batista de Água Branca, com o pastor Ed René Kivitz e também com os pastores Carlito Paes e Sidney Costa. Ainda na área de adoração, foi ministra da PIB de São José dos Campos. Lá, assessorou o pastor Carlos McCord na implantação do Ministério Permanecer.
Em entrevista à equipe Sepal, ela fala sobre o dia a dia do capelão, compartilha informações importantes quanto à formação e ao preparo de quem atua na área e traz reflexões urgentes quanto à presença da igreja nos hospitais. Um conteúdo altamente inspirador. Confira e prepare-se para estar conosco no Encontro Sepal 2019!

Sepal: O que é capelania hospitalar?

Érika Checan: Tantas quantas pessoas existem, tantas são e/ou serão as definições de capelania hospitalar. Essa diversidade se dá em virtude da experiência que cada um tem com o “serviço”. Para alguns, capelania tem a ver com música; para outros, com silêncio e lágrimas. O conceito clássico diz que a capelania atua na assistência religiosa. Logo, muitos vinculam a presença do clero, envolvendo pastores e padres. Para mim, capelania é uma espécie de manto/capa que promove acolhimento espiritual. Esse “manto”, que tem texturas, cores, tamanhos diferentes, traz, na visitação aos enfermos em regime de internação, uma prática comum: o acolhimento que se dá de maneira intencional a quem está em meio à dor e ao sofrimento.
Essa assistência espiritual que acontece no âmbito da saúde é garantida pela Constituição de nosso país. Um fato interessante é que a Organização Mundial da Saúde (OMS) reconhece a importância do trabalho de espiritualidade nesse contexto, tendo em vista que o ser humano é um ser biológico, psicossocial e espiritual. A ciência já percebeu os efeitos positivos que a assistência espiritual traz aos pacientes. Dessa forma, já não é somente a igreja que se sensibiliza com o tema, mas a própria academia. É importante frisar que esse trabalho precisa ser feito com cuidado, para que sejam evitados erros e prejuízos. A capelania hospitalar envolve extrema responsabilidade.

E o capelão hospitalar, quem é? Como e onde atua? Como deve ser o perfil e a formação de quem deseja desenvolver um trabalho como esse?

O ideal é que seja uma pessoa adequadamente capacitada para atuar com todas as especificidades que a atividade exige. Ele precisa de preparo em diversos sentidos: teórico, pessoal, psicológico e espiritual. Em minha opinião, o capelão hospitalar precisa ter dons pastorais, como uma vida de oração e a sensibilidade para lidar com a dor do próximo; tem de saber escutar, para discernir como agir, aconselhar, ensinar, caminhar junto e estar presente. Ter habilidade para trabalhar em equipe e perfil de liderança é importante, pois o capelão hospitalar não trabalha sozinho.
Hoje, no Brasil, há cursos de diversos tipos para quem deseja atuar com capelania, desde os cursos livres aos de pós-graduação, porém o ofício ainda não é regulamentado. Grande parte do trabalho é voluntário. Espero que, assim como em outros países, o trabalho do capelão ganhe mais notoriedade, ficando em pé de igualdade com as atividades de outros profissionais.

De que forma acontece a solicitação de autorização para trabalhar no atendimento aos doentes e às pessoas em situação de vulnerabilidade, internadas em hospitais, clínicas ou asilos?

Considero, pelo menos, duas possibilidades: 1º o convite realizado por uma instituição; 2º a apresentação de um projeto por uma pessoa com formação em capelania; ou seja, uma instituição hospitalar pode solicitar esse trabalho ou alguém capacitado, com formação em cursos afins, como a teologia ou a ciência das religiões, pode apresentar um projeto. É importante ressaltar que a capelania hospitalar não é uma atividade exclusiva dos cristãos, ela pode ser desenvolvida por pessoas de qualquer confissão religiosa. Por isso, no caso de alguém apresentar uma proposta a um hospital, valoriza-se esse tipo de formação em assuntos relacionados à religião. No meu caso, atuo com uma equipe de capelania composta por pessoas de diferentes denominações cristãs.

Quais desafios envolvem o serviço do capelão?

São muitos os desafios, mas destacaria, em primeiro lugar, a questão da formação de equipes. Estruturar uma equipe pode ser relativamente difícil, já que, no Brasil, 99% das pessoas que se dedicam ao trabalho são voluntárias, ou seja, o comprometimento é diferente daquele que é tido quando a atividade envolve um serviço remunerado. Em segundo lugar está a padronização do atendimento, isto é, o cuidado para que todos usem uma só linguagem. Atuo, por exemplo, com uma equipe de 120 pessoas atendendo 1.200 leitos. O ideal é que todos os capelães tenham uma uniformidade na abordagem ao prestar a assistência espiritual, mesmo sendo de denominações diferentes. Em seguida, cito a importância de garantir a visita a quem precisa. Também vale ressaltar a dificuldade de alcançar os profissionais da saúde, já que, às vezes, há ceticismo em relação às questões que envolvem o âmbito da fé. Por último, mas não menos importante, aponto o papel da pesquisa. É preciso fomentar o registro do trabalho de capelania, para que tenhamos mais legitimidade acadêmica.

Tal ministério, naturalmente, deve exigir preparo espiritual e psicológico. Qual é a melhor forma de preparar-se para lidar muitas vezes com situações tristes e desesperadoras?

Acredito que há dois caminhos que devem ser trilhados: de um lado, o terapêutico, a busca de auxílio de profissionais habilitados, como os psicólogos, que possam ajudar o capelão a lidar com as emoções e vivências que a atividade exige; de outro, o vínculo com bons amigos. Isso é fundamental para que possa aliviar a pressão e dividir experiências. Naturalmente, não há apenas tristeza, há muitas alegrias e é sempre bom ter alguém ao lado para compartilhar esses momentos. No caso do capelão cristão, a base certamente é o relacionamento com Deus e a prática de disciplinas espirituais. Creio que a intimidade com Deus e a caminhada com o Senhor farão toda a diferença.

Como a vivência da espiritualidade bíblica pode ser um agente motivador e, ao mesmo tempo, curador tanto para o coração do capelão quanto de quem está sendo atendido?

Jesus é nosso exemplo de que devemos socorrer os aflitos. Podemos ver essa realidade em diversas passagens bíblicas e nos inspirar especialmente com Mateus 25.31-40. Quando vamos ao encontro de quem precisa, estamos agindo como o próprio Jesus, nosso modelo de vida. É um testemunho comum ouvir dos capelães a seguinte frase: “Eu fui ajudar e fui ajudado! Eu fui abençoar e fui abençoado!” Há uma alegria, uma gratificação, um sentimento de plenitude e contentamento ao saber que estamos desempenhando nossa missão. Ao final, nessa dinâmica entre o capelão e a pessoa atendida, ambos se envolvem em uma experiência com o Deus da Palavra que traz restauração.

Por que é importante que a Igreja também esteja no hospital?

Quando a igreja é chamada, ela responde! Há inúmeros exemplos de belíssimos projetos sociais implantados com êxito pelas comunidades de fé. Se a igreja enxergar o hospital como responsabilidade, teremos mais cristãos orando pelos doentes.
A presença da igreja no hospital promove benefícios tanto para a congregação, quanto para os pacientes, familiares e colaboradores da instituição. Quando a igreja sai das quatro paredes, ela é avivada. Esse avivamento atinge as pessoas que estão no ambiente, é como levar luz do Sol para um lugar cinzento. Muda a atmosfera! Quantas pessoas já vieram me abraçar com um sorriso no rosto, contentes ao ouvir uma canção! Isso é muito bem visto pelos hospitais, pois enxergam esse trabalho como humanização, que traz impactos positivos ao contexto do paciente.

Os cristãos brasileiros têm sido atuantes nessa área?

Há um despertamento para o tema, mas ainda há muito a desenvolver. Vejo que grande quantidade de cristãos se preocupa em desenvolver um trabalho de capelania hospitalar apenas para pessoas da própria comunidade ou de seu ciclo familiar. Temos de mudar essa mentalidade.

E quando um paciente atendido morre, o trabalho do capelão acaba por aí? Como agir diante dessa realidade?

Cada instituição dá seu respectivo limite. Há algumas que atuam com o cuidado pós-luto. Isso vai depender de diferentes fatores. Em muitos casos, as pessoas atendidas não fazem parte daquela comunidade, não moram na região, são de longe. Por isso, na sua maioria, o trabalho do capelão hospitalar está mais focado no atendimento durante a internação. Vale destacar que muitas igrejas oferecem grupos de apoio para enlutados. Para o cristão, a missão não para! Onde há necessidade, há a importância de estendermos as mãos.

No Encontro Sepal 2019, você falará sobre o movimento de cuidado espiritual na agenda da saúde e assuntos relacionados à capelania hospitalar. Qual é a sua expectativa em relação ao evento? O que o público pode esperar?

Estou animada com o Encontro Sepal 2019. Meu intuito é encorajar a igreja a voltar para o hospital. Creio que há um movimento de Deus para que a igreja atue de forma transformadora na sociedade, e o hospital faz parte desse contexto. É hora de resignificar o ambiente da saúde em nossas práticas ministeriais. Precisamos abraçar o hospital novamente, estar com os doentes e compartilhar com eles as boas-novas de esperança que encontramos em Jesus.

Uma mensagem aos leitores.

Em Mateus 25.31-40, Jesus se identifica com os doentes. Quando vamos ao encontro deles, nos encontramos, de certa forma, com Jesus. Ao estar ao lado dos enfermos, conhecemos Jesus de um jeito profundo, misterioso e revelador. O amor é a justificativa, é o que nos move. Que você se sinta encorajado a enxergar Jesus no rosto de quem precisa.




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